Acesso à rede de esgoto ainda deixa de fora a metade dos brasileiros
A informação é resultado de um levantamento feito pela Folha a partir dos dados mais recentes (2015) do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
Tal déficit contabiliza cerca de 104,5 milhões de pessoas apartadas do tratamento de dejetos. A expansão do serviço de saneamento caminha em um ritmo mais devagar do que o planejado.
Em 2013, o Plano Nacional de Saneamento Básico, criado pelo governo federal, estabeleceu que o serviço deveria ser universalizado até 2033.
No atual ritmo das obras, porém, seriam necessárias mais duas décadas para universalizar o serviço, segundo estudo de fevereiro deste ano feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A oferta é inferior à do Chile, da Argentina, da China e da Rússia.
Um dos responsáveis por ampliar o acesso, o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) tem, por ora, 54% das construções de redes de esgoto concluídas, de acordo com o Ministério do Planejamento.
Segundo a pasta afirma, em nota, o ritmo lento se deve à complexidade das obras, cujos “procedimentos demandam tempo” por questões de licenciamento ambiental, desapropriação de áreas e aprovação de órgãos estaduais e municipais.
Para o engenheiro Edison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, o déficit, de um lado, deve-se principalmente à falta de investimentos nos anos 1980. “As cidades foram crescendo, os bairros nascendo, e não se investiu no acesso ao saneamento.”
A expansão do sistema, de outro lado, esbarra no ritmo das obras federais e também na falta de recursos dos municípios. As cidades, diz ele, “precisam não só de investimentos e recursos, mas também de capacidade para gerir o sistema, com profissionais e eficiência.”
Fonte: Folha de S. Paulo