Biogás avança com inovações tecnológicas
Impulsionado por inovações tecnológicas e investimentos na cadeia de valor, o biogás está entre as fontes de energia que mais cresceram no Brasil em 2016. Houve um salto de quase 30% na capacidade instalada, que atingiu 118,6 Megawatts (MW) em fevereiro de 2017, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Existem hoje 15 usinas operando no país a partir de resíduos sólidos urbanos, 11 com resíduos animais e três com rejeitos da agroindústria.
A participação do biogás na matriz elétrica é de apenas 0,0741%. Há, porém, potencial para produzir 78 milhões de m3 diários, equivalentes a 25% da disponibilidade de energia do país, segundo a Associação de Biogás e Biometano (ABiogás).
A organização estima que até 2025 é possível atingir uma produção diária de 10,7 milhões de m3 , 13% do volume que é hoje desperdiçado.
“Em médio prazo, o processamento conjunto de resíduos sólidos urbanos com o lodo do tratamento de esgoto pode dar melhor viabilidade econômica aos empreendimentos”, diz Carlos Alberto Moya, professor do departamento de engenharia civil do Instituto Mauá de Tecnologia. Para tornar competitiva a indústria do biogás, ele defende a adoção de um novo marco regulatório e de uma política pública de incentivo.
Entre os projetos que entraram em operação em 2016, destacam-se as termelétricas Caieiras, do grupo Solví, e Bonfim, da Raízen, ambas no Estado de São Paulo. Uma iniciativa científica relevante concluída este ano foi o projeto Probiogás, firmado em 2013 entre Brasil e Alemanha para testar o aproveitamento energético do biogás em dez estações de tratamento de esgoto (ETEs) do país. A pesquisa envolveu Sabesp, Caesb, Copasa, Seame Rio Preto, Sanasa e Sanepar, com coordenação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Um acordo de R$ 7,3 milhões, firmado entre a Sabesp e o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, resultou em um equipamento que transforma gás de esgoto em biometano. A partir do segundo semestre, o combustível renovável será usado nos 49 veículos da empresa em Franca (SP). Com o aproveitamento do gás, haverá redução anual da emissão de 1,5 milhão de toneladas de dióxido de carbono. Em São José dos Pinhais (PR), a GE Power e a CS Bioenergia produzirão 3 MW de energia térmica e 2,8 MW de eletricidade na ETE Belém, a partir da biodigestão do lodo.
A Veolia, transnacional especializada em serviços ambientais, tem tentado vender suas tecnologias para produção de biogás, mas o mercado brasileiro ainda está “engatinhando”, constata o diretor de projetos para a América Latina, Yves Besse. Um gargalo é o baixo acesso da população a saneamento: “Quanto mais poluído é o corpo receptor rio, lago etc., menor a exigência de qualidade do esgoto tratado e da tecnologia utilizada”.
Fonte: Valor Econômico