Você conhece o Programa Brasileiro de Certificação de Energia Renovável?
No Brasil, a energia que chega para nosso consumo vem do Sistema Interligado Nacional que, por sua vez, recebe produção de todas as fontes de energia: hidrelétricas, eólicas, biomassa, térmica, etc… O que algumas pessoas não sabem é que, ainda assim, existe um jeito de escolher a energia que você irá consumir, por meio de um sistema de certificação da energia. Parece complicado? Bom, então vamos explicar como funciona o Programa Brasileiro de Certificação de Energia Renovável.
A estrutura brasileira de geração, transmissão e distribuição de energia torna impossível rastrear os elétrons de uma usina de geração de energia até seu ponto de consumo. A energia elétrica de um determinado parque eólico, por exemplo, é injetada no sistema elétrico e, portanto, se mistura com outros elétrons de outras fontes de energia (renováveis ou não). Na etapa seguinte, sua distribuidora local retira essa energia do Sistema elétrico e leva até o ponto de consumo. Nem você e nem sua distribuidora local de energia podem, portanto, afirmar de onde os elétrons são originados.
Como então é possível garantir que um consumidor consuma energias renováveis? Simples, por um sistema de contabilização que controla o equilíbrio entre entrada e saída de certificados. Quando uma geradora é certificada, a energia gerada é acompanhada da geração dos Certificados de Energia Renovável (RECs) correspondentes ao montante produzido. Um REC é a prova de que 1 MWh (um megawatt hora) foi injetado no sistema a partir de uma fonte de geração de energia renovável.
Quando um consumidor adquire um REC, ele se apropria, por meio de um certificado, daquela energia que foi injetada no sistema e aquele REC não será usado por mais ninguém e aquela quantidade de energia sai da conta do sistema. Quer um exemplo?
Vamos supor um sistema elétrico de uma pequena ilha que tenha gerado 30.000 MWh de eólica, 20.000 MWh de energia hídrica e 50.000 MWh de termelétrica a óleo. Esses 100.000 MWh são, na soma, 50% renováveis (eólica e hídrica) e 50% não renováveis (térmicas a óleo), certo? Vamos imaginar que essa energia seja consumida por 10 empresas e cada uma vai consumir 10.000 MWh dessa energia misturada, que contém todas as fontes. Se imaginarmos que todas estas empresas fazem seus relatórios de sustentabilidade, todas elas terão que reportar que apenas 50% de sua energia é renovável. Veja a ilustração abaixo:
Agora imagine que, neste mesmo exemplo, as eólicas e hídricas possuem RECs, ok? Isso significa que teremos no sistema 30.000 RECs de eólica e 20.000 RECs de hídrica, totalizando 50.000 RECs. Vamos imaginar que cinco empresas resolvam comprar estes certificados e cada uma compra 10.000 RECs, certificando assim todo seu consumo. Esses 50.000 RECs comprados, equivalentes a 50.000 MWh, saem da conta do sistema geral. E o que sobra então para as demais empresas? 50.000 MWh de térmica para outras cinco empresas que, se tiverem que reportar seu consumo em relatório, terão que reportá-lo como sendo completamente não renovável já que a parte renovável foi retirada da conta do sistema. Veja a ilustração:
Bom, e quais são os tipos de geração de energia no Brasil que podem passar a gerar RECs? São as que atendem às seguintes condições, verificadas por meio do Instituto Totum, gerenciador do Programa:
– Usina deve estar legalmente estabelecida;
– Usina deve gerar energia renovável;
– Usina deve injetar energia no sistema elétrico brasileiro;
– Deve haver garantia de que não há duplo beneficiário das afirmações ambientais quanto ao uso da energia;
– Usina atende a determinados requisitos de sustentabilidade.
Uma vez certificada, a usina passa a emitir RECs para cada 1 MWh de energia injetada no sistema elétrico. E estes RECs ficam disponíveis para compra por empresas que queiram certificar que seu consumo de energia é renovável. No site do Programa www.seloenergiarenovavel.com.br, é possível ter informações detalhadas sobre todo o processo e como é feita a compra e venda verificadas, em ambiente certificado, de acordo com as legislações vigentes que normatizam este sistema. Além disso, este vídeo explica detalhes do Selo.
Fonte: Portal ABEEólica